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Fig.11 - Capa da national Geographic |
Este documentário tem como problema central se existe de facto, o gene da genialidade, ou se qualquer um pode ser génio apenas com base em treino e ambiente correcto. Como os estudos da psicóloga concluem, ser um génio não é algo comum nem fácil, pois poucas crianças têm o dom inerente à pessoa sobredotada, algo que não é dado com a educação. Os genes dão uma probabilidade ou propensão da criança em adquirir certos conhecimentos, mas apenas são efectivamente demosntrados se estimulada a criança para tal(tal como a psicóloga diz, não será qualquer criança que, mesmo com o regime de treino de Marc Yu, consegue realizar as tarefas que ele realiza). Ellen Winner também defende que as crianças sobredotadas auto-propõem-se a melhorar e a realizar o que desejam de forma o mais autónoma e independente possível(como o caso de Marc Yu em aprender a andar de bicicleta). A psicóloga também acredita que as crianças avançadas, ao realizarem exaustivamente as tarefas que pretendem, entram num ciclo virtuoso de aprendizagem, que simplesmente as melhora mais e mais, tornando-as sempre cada vez mais diferentes dos outros, o que pode constituir uma desvantagem, visto este tipo de crianças ser rejeitada socialmente pelas diferenças notórias na mentalidade, podendo até serem “rotuladas” de anormais, passando a estar isoladas. De resto, o desenvolvimento tardio do córtex pré-frontal, responsável pela razão e auto-controlo, durante a puberdade, pode representar perigo no futuro de pessoas como Marc Yu.
Como se sabe, a música envolve várias tarefas simultâneas: os músicos têm de interpretar as notas que aparecem na pauta musical, mexem os dedos para produzir a nota certa e ouvem o que estão a tocar. O facto dos músicos, por exemplo, terem de usar simultaneamente as duas mãos para tocar é algo que exige um esforço cerebral, conseguido, por um lado, pelo controlo do membro superior esquerdo pelo hemisfério direito e, por outro lado, pelo controlo do membro superior direito pelo hemisfério esquerdo. Apesar de cada hemisfério comandar apenas um lado do corpo, estes têm de funcionar em harmonia para permitir a precisão e coordenação necessária aos músicos para tocar. Também o cerebelo ou o corpo caloso exercem funções de finalidade musical, provando assim que a interacção cerebral e a sua complexidade permitem as actividades mentais.
Pesquisas realizadas pelo neurologista Gottfried Schlaug revelaram, como se verificou no episódio, que os cérebros dos músicos apresentam especializações anormais num cérebro normal, precisamente adaptadas para a função que realizam(o cerebelo, por exemplo), permitindo a coordenação e concentração necessárias à actividade, provando a moldagem cerebral que enquanto crianças cada um sofre.
No caso de cientistas americanos, a experiência a que sujeitaram crianças de bairros desfavorecidos mostraram serem enriquecedoras, com as crianças como objecto de estudo a revelaram melhores pontuações de QI em relação a outras crianças não sujeitas a testes, melhores percursos académicos e melhores vidas, enfim. Os resultados obtidos remetem de novo para uma moldagem e capacidade de apredizagem nas crianças bem antes da idade escolar, começando logo no período recém-nascido. O projecto “Abecedário”, como o chamaram, demonstrou não só que as crianças são fruto de estímulos que são recebidos desde pequenos, mas também que o que somos e o sucesso que possamos ter tido/vir a ter é devido ao que o ambiente ao nosso redor nos proporcionou.
Quanto ao caso de Genie, a rapariga que viveu privada de socialização e processos de aprendizagem progressiva, as conclusões a tirar são reflexo das consequências: a menina não sabia falar, precisamente porque nunca tinha sido estimulada a tal, e mal andava, precisamente pelo mesmo motivo. O atraso mental de Genie em relação à sua idade “corporal” devia-se a um salto dado numa fase crucial da sua vida. Um cérebro em crescimento usa uma regra brutal para manter a funcionalidade e organização cerebral, que consiste em cortar ligações que aparentemente são desnecessárias à pessoa(se não se usa, corta-se) e que acontece enquanto bebé e na puberdade. Devido ao não-estímulo de capacidades normais a qualquer pessoa, como falar, o cérebro de Genie cortou as ligações cerebrais relacionadas com as aptidões linguísticas, deixando-a irremediavelmente sem conseguir falar com fluência. Percebeu-se, assim, que o cérebro atravessa fases decisivas para o seu desenvolvimento, e que, quando passadas, não têm retorno, deixando o cérebro inapto a realizar certas conexões, que depois incapacitam a pessoa em questão de realizar certas funções.
O cérebro está apto para qualquer função basta dedicação
ResponderEliminarAcho que um cérebro se comunica com outro.
O cérebro está apto para qualquer função basta dedicação
ResponderEliminarAcho que um cérebro se comunica com outro.