![]() |
Fig. 11 - Um ser humano sem cultura não passa de um animal |
Nascer Homem não é condição única e suficiente para nos tornarmos humanos. Nascimento, alimentação, doença, reprodução e morte são exemplos de fenómenos indiscutivelmente biológicos que caracterizam universalmente a vida animal. Mas são, no que ao ser humano diz respeito, fenómenos simultaneamente sociais e culturais. Não se conhece qualquer sociedade que não tenha criado um sistema de crenças, valores, normas, hábitos, conhecimentos, etc...
Cultura - soma total do conteúdos, modos de pensamento e comportamentos transmitidos no decurso do processo de socialização.
A capacidade do ser humano para se adaptar ao meio, transformando-o e reinventando-o através da cultura, distingue-o dos outros animais.
Aos percorrermos as diferentes sociedades encontramos um conjunto de elementos ou características que, no essencial, estão presentes em todas as culturas:
- uma língua;
- uma história;
- uma religião dominante;
- uma série de costumes e de valores;
- sistemas de organização social, incluindo normas de conduta;
- artefactos únicos dessa sociedade;
- hábitos alimentares e sanitários socialmente aceites;
- uma moral comum, etc...
Embora em sentido abstracto a cultura seja universal, a verdade é que a cultura não tem universalidade, mas antes uma enorme diversidade/variação que nos obriga a falar de padrões culturais.
Padrão cultural - forma colectiva e específica de conduta cultural que uma sociedade estabelece como ideal e que visa a normalização do comportamento dos indivíduos de uma sociedade, possibilitando a satisfação das suas necessidades bem como a previsibilidade dos comportamentos dos seus membros.
Neste sentido, devemos falar da socialização.
Socialização - processo pelo qual, ao longo de toda a vida, o ser humano aprende e interioriza os diversos elementos da cultura envolvente, integrando-se assim num meio social e cultural específico.
O processo de socialização:
- Desenvolve a sociabilidade;
- Permite a interiorização de um padrão cultural;
- Gera sentimentos, atitudes e comportamentos comuns;
- Possibilita a integração;
- Constrói o sentimento de pertença, o "NÓS", a identidade social e cultural dos indivíduos.
A socialização requer três dimensões: processo mental ou cultural (aquisição de conhecimentos); processo afectivo (formação de vínculos) e processo comportamental (conformação social da conduta).
Existem dois tipos de socialização: primária e secundária (a primeira ocorre durante a infância e permite a aquisição de um conjunto de saberes primários ou básicos, como falar ou andar; a segunda acompanha toda a vida adulta e designa ajustamentos do indivíduo em função de alterações significativas do meio social, como a conduta num clube desportivo).
O processo de socialização é, pois, um processo interactivo e mútuo que afecta sempre o comportamento e a conduta de todos os seus participantes. O indivíduo, ao longo do seu processo de socialização, não se limita a ser um recipiente passivo, um guardião de uma tradição transmitida socialmente: constrói-se, participa, interpreta, rejeita, recria e renova permanentemente o seu ambiente social. O ser humano é, portanto, não apenas um produto do seu meio, mas também um produtor de cultura.
Sem comentários:
Enviar um comentário